segunda-feira, 5 de junho de 2017

Palavra de Deus - Parte 1




(...) "toda a Escritura divinamente inspirada é" (2 Tm 3:16).

Palavras preciosas! Ah, se fossem entendidas de um modo mais completo nestes nossos dias! É da maior importância que o povo do Senhor esteja arraigado, fundado e estabelecido na grande verdade da inspiração plenária da Sagrada Escritura. É de recear que a lassidão quanto a este importante assunto se vá estendendo na igreja professa a uma aterradora proporção. Em muitos setores tem chegado a ser moda tratar com desdém a ideia da inspiração plenária¹. É considerada como verdadeira criancice e sinal de ignorância. É admitido por muitos que é indício de uma profunda educação literária, de ideias liberais e de originalidade intelectual, ser-se capaz, por livre crítica, de achar defeitos no precioso livro de Deus.

O homem toma a liberdade de julgar a Bíblia como se ela fosse uma mera composição humana. Aventura-se a pronunciar-se sobre o que é e o que não é digno de Deus. De fato, isto equivale efetivamente a julgar Deus. O resultado imediato é, como podia esperar-se, profundas trevas e confusão tanto para esses mesmos eruditos doutores como para todos os que são tão néscios que os escutam. E quanto ao futuro, quem pode conceber o destino eterno de todos os que terão de responder ante o tribunal de Cristo pelo pecado de blasfêmia contra a Palavra de Deus e por desviarem centenas de almas com o seu ensino infiel?

Não ocuparemos, contudo, o tempo detendo-nos sobre a estultícia dos infiéis e céticos — embora chamados cristãos — ou os seus mesquinhos esforços de desacreditar o incomparável volume que o nosso benigno Deus mandou escrever para nosso ensino. Um dia eles reconhecerão o seu erro fatal. Deus queira que não seja demasiado tarde! E, quanto a nós, que seja o nosso maior gozo e consolação meditar sobre a Palavra de Deus, a fim de podermos descobrir sempre novos tesouros nessa mina inesgotável — quaisquer novas glórias nessa revelação celestial!


(...) 

Não ficamos nós constantemente surpreendidos com o seu maravilhoso poder de adaptação ao nosso próprio estado e aos dias em que caiu a nossa sorte? Fala-nos com elevação e frescura como se fosse escrita expressamente para nós — escrita neste mesmo dia. Nada há como a Escritura. Tome-se qualquer escrito humano da mesma época do livro de Deuteronômio, e, se puderdes lançar mão de algum livro de há três mil anos, que encontrareis? Uma curiosa relíquia da antiguidade, alguma coisa para ser colocada num museu lado a lado com alguma múmia egípcia sem ter qualquer aplicação a nós ou aos nossos tempos, um documento cediço, uma peça de escrita obsoleta, praticamente inútil para nós, referente a um estado de sociedade e a uma condição de coisas passadas e enterradas no esquecimento.

Pelo contrário, a Bíblia é o livro para estes dias. É o Livro de Deus, a Sua perfeita revelação. É a Sua própria voz falando a cada um de nós. É um livro para todas as épocas, para todos os climas, para todas as classes, para todos os estados, elevado ou baixo, rico ou pobre, culto ou ignorante, velho ou novo. Fala uma linguagem tão simples que uma criança pode entendê-la; e, no entanto, tão profunda que o mais gigantesco intelecto não pode esgotá-la. Além disso, fala diretamente ao íntimo do coração; toca as fontes mais profundas do nosso ser moral; penetra no recôndito das raízes do pensamento e sentimento da alma; julga- nos completamente. Em suma, é, como nos diz o apóstolo inspirado: "viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4:12).

E, além disso, note-se o seu maravilhoso alcance. Trata com tanta precisão e energia dos hábitos e costumes, maneiras e máximas do décimo nono século da era cristã como dos próprios séculos da existência humana. Mostra um perfeito conhecimento do homem em qualquer época da sua história. Londres dos nossos dias e Tiro de há três mil anos estão retratadas com igual precisão e fidelidade nas páginas sagradas. A vida humana, em qualquer grau do seu desenvolvimento, está descrita por mão de mestre nesse volume maravilhoso que o nosso Deus tem graciosamente escrito para o nosso ensino. Que privilégio possuir tal Livro! Podermos ter em nossas mãos uma revelação divina! Ter acesso a um Livro no qual cada linha é dada por inspiração de Deus! Ter uma história divinamente concedida do passado, do presente e do futuro! Quem pode apreciar devidamente um tal privilégio como este?

(Continua)

¹ Inspiração plenária significa que a inspiração se estende desde às palavras escolhidas (verbal) aos conceitos, ideias e temas tratados nas Escrituras (plena).

Autor: C. H. Mackintosh, extraído dos estudos sobre o livro de Deuteronômio

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